domingo, 30 de maio de 2010

Estação Ferroviária de Garanhuns- Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcanti

Pernambuco foi o segundo estado brasileiro a possuir malha ferroviária e o primeiro do Nordeste. Implantada na segunda metade do século XIX essa malha teve papel fundamental como agente de desenvolvimento e surgimento de povoações no Estado.

Por onde os trilhos passaram, as estações ferroviárias se tornaram pólos de expansão dos núcleos onde se localizavam.

Em Garanhuns ocorreu o mesmo progresso. A estação ferroviária integrava a linha tronco sul que ligou inicialmente o Recife a Garanhuns. Com a construção da E. F. Sul de Pernambuco, que em 1894 ligou a estação de Paquevira ao Estado de Alagoas, o trecho até Garanhuns transformou-se num ramal.

A linha que vinha do Recife passava pelas cidades de Angelim, São João e Canhotinho. Depois,  foi prolongada para a cidade de Garanhuns.

Inaugurada em 28.09.1887, a Estação Ferroviária de Garanhuns, era a última estação ferroviária do ramal sul. No dia de sua inauguração, o evento foi marcado por uma grande festa na cidade, chegando a ser comparada com uma edição dos antigos jogos olímpicos.

A antiga estação  possuia três módulos:  o módulo frontal  abrigava a estação propriamente dita;  no centro ficava a Gare,  que era o lugar onde os trens circulavam e paravam; e no módulo porterior ficavam os armazéns

A estação pertencia a Great Western Railway Company , uma companhia criada  por  capitalistas ingleses em Londres, em 1872, com a finalidade de construir ferrovias no Brasil.

O funcionamento da  Great Western, no Brasil, foi autorizado em 1873, quando conseguiu a concessão para construir uma ferrovia em Pernambuco que ligaria o Recife a Limoeiro.

Em 1881 iniciou seu  funcionamento, com a conclusão do primeiro trecho (Recife - Paudalho). Em 1896 construiu a ferrovia Recife - Caruaru. Em 1945 a Great Western possuía mais de 1600 km de ferrovias, alcançando outros estados do Nordeste.

Em 1950 encerrou suas atividades no Brasil, sendo sucedida pela Rede Ferroviária do Nordeste, antecessora da Rede Ferroviária Federal.

Com o avanço proporcionado pela estação ferroviária no município de Garanhuns, outras áreas foram favorecidas com esse progresso. Houve a  evolução do comércio com novos estabelecimentos, incluindo a construção de empresas exportadoras e de escritórios;  o aumento das feiras e dos produtos ofertados por elas;  fundação de hotéis que recebiam turistas de várias partes do Estado de Pernambuco e do Nordeste, que vinham em busca do clima diferenciado e das belas paisagens da cidade.

Houve também, à modernização arquitetônica da cidade, que se espalhou rapidamente: Nas principais ruas, especialmente na rua do Comércio e rua Nova de Santo Antônio, partes da atual avenida Santo Antônio, são iniciadas as substituições das casas de taipas e das meias águas, assim como o preenchimento de terrenos ainda desocupados, por prédios de tijolos, alguns com as fachadas revestidas de azulejos e até com o piso de mosaicos etc.

Após algumas mudanças administrativas passadas pelas estradas de ferro, a Great Western em 1950 foi sucedida pela Rede Ferroviária do Nordeste e posteriormente foi substituída pela Rede Ferroviária Federal S.A. (R.F.F.S.A). Por uma série de fatores, as estações ferroviárias passaram a ser desinteressantes financeiramente e, aos poucos, foram sendo desativadas pelo interior do Estado.

A cidade de Garanhuns teve seu ramal e sua estação desativados no ano de 1971. Na gestão do prefeito Luiz Souto Dourado, o prédio da estação passou por obra de reforma, passando a sediar um Centro Cultural inaugurado em 27 de março de 1971 e posteriormente denominado Alfredo Leite Cavalcante, homenageando o historiador de Garanhuns.
Alfredo Leite pesquisou e escreveu o Livro História de Garanhuns. Era músico,  foi vereador, e implantou o serviço de transporte urbano em  Garanhuns. Faleceu em 27 de dezembro de 1976 aos 85 anos.


Observa-se na foto, modificação no módulo central, resultante do fechamento da Gare.
A antiga Estação Ferroviária de Garanhuns, está localizada na região central de Garanhuns e possui em seu entorno imediato, três praças - da Bandeira, Tiradentes e Dom Moura e a grande esplanada - Guadalajara, onde ocorrem os eventos de porte da cidade, que atraem milhares de pessoas de municípios vizinhos, estados do país e outros países. As praças e a esplanada foram construídas na área do antigo complexo ferroviário, resultando na demolição de equipamentos ferroviários, e na retirada ou aterramento dos trilhos.


O imóvel, hoje de propriedade da Prefeitura Municipal de Garanhuns, compreende uma área de terreno com cerca de 8.966 m², sendo o edifício da antiga estação ferroviária, o único remanescente do antigo complexo ferroviário. O antigo pátio ferroviário cedeu lugar às praças laterais.

O município de Garanhuns requereu a legalização da posse do imóvel urbano, onde hoje fica localizado o Centro Cultural de Garanhuns, as suas acessões e benfeitorias, que antes pertencia à Great Western of Brazil Railway Company Limited, que o possuiu por vários anos, passando depois à RFFSA.

Este foi adquirido pelo município, por meio de Mandado de Usucapião, tendo sido proferida a sentença pelo Sr. Dr. Juiz de Direito da 2ª. Vara Cível da Comarca de Garanhuns, Gerson Venâncio de Carvalho, em 27.09.1991.

O edifício da antiga estação é majestoso, de arquitetura inglesa, com o corpo central em dois pavimentos, e se destaca na paisagem da cidade pela sua localização privilegiada e pela sua grandiosidade. A edificação está inserida num terreno inclinado, sendo o nível mais baixo na rua Afonso Pena e o mais alto na rua Cel. Antônio Vitor. 


No predio funcionam:   o teatro Luiz Souto Dourado com seiscentos lugares; o museu  onde se encontra acervo mobiliário e quadros relacionados à antiga estação; a Biblioteca ; uma sala com material referente a imprensa local etc

O Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcante constitui hoje, um dos mais importantes espaços culturais da cidade e da região.


BIBLIOGRAFIA:
ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE GARANHUNS: ARQUITETURA INGLESA NO AGRESTE PERNAMBUCANO,Cordeiro, M. de L. B.; Esposito, D. F.,FUNDARPE – Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco.

2 comentários:

  1. aqui deu-se inicio a minha historia de vida aos treze anos,em 1996 bons tempos esses,vc esta mais lindo que nunca.lembra gisele,michele,marcelo,wagner augusto vieira,cosme(zominho),vando,paulinho,entre outros.ETERNAMENTE JUNTOS SOB MESMO SOM LEGIAO URBANA.ASS;MICHELE

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