sexta-feira, 4 de junho de 2010

Hotel Familiar: presença italiana em Garanhuns


O Hotel Familiar localizava-se na Avenida Santo Antonio, ao lado direito da catedral de Santo Antonio. O prédio foi construído para ser a residência da família Grossi, uma família italiana que morava em Garanhuns, desde os idos de 1905.
O Chalet  Grossi, como era conhecido o prédio,  foi a primeira sede do Colégio Santa Sofia, fundado em 1912. Na época, chamado Colégio das Meninas. O Colégio das Meninas funcionou no Chalet  por dois anos. No dia 28 de outubro de 1914  mudou-se para o prédio construído pela Congregação Damas de Instrução Cristã, na Av. Dr. Luís Correia onde está até hoje.

O Jornal "O Sertão"  publica no dia 17.12.1911 a seguinte notícia: "Damos a população de Garanhuns , a gratíssima notícia de um Colégio nesta cidade, a abrir-se, impreterivelmente no próximo mês de Janeiro. Será confiado à proficiente Direção das R.R. Damas da I. Cristã, eméritas educadoras , já bem conhecidas em nosso Estado..."

No dia 31.10.1914, o mesmo jornal publica a seguinte nota:  "Colégio Santa Sofia; no dia 28 próximo passado foi inaugurado o magnífico Colégio Santa Sofia, edificado nesta Cidade, pelas Damas da Instrução Cristã".

O historiador Alberto da Silva Rêgo nos informa:  No dia anterior, 27, as religiosas ofereceram no jardim do Chalet Grossi, onde elas habitaram dois anos, um jantar aos operários do Colégio.

O Chalet foi também, a primeira sede do Colégio Diocesano: o Colégio dos Meninos.  Na época, denominado Ginásio de Garanhuns. O Ginásio foi inaugurado em 19.03.1915. Sendo o dia 19 de março um sábado, as aulas começaram a funcionar na segunda feira, 21 de março.

O Jornal " O Sertão" de 20.03.1915  insere a seguinte notícia: Gymnásio de Garanhuns-Dirigido por quatro sacerdotes do clero secular nomeados pelo Exmo Sr. Arcebispo, começará as suas aulas, na próxima segunda feira, 21 de março, funcionando, por enquanto, no aprazível e confortável Chalet Grossi, junto da Matriz.

O historiador Alfredo Vieira nos dá a seguinte informação: O Colégio dos Padres, como era chamado ao tempo do Monsenhor José Antero, foi fundado e teve sua vida inicial onde hoje funciona o Hotel Familiar.

Em fevereiro de 1920, o Ginásio passa a funcionar em prédio próprio localizado na mesma região onde foi construído o atual prédio do Colégio Diocesano, inaugurado em 12 de outubro de 1925.

Tanto o Colégio das Meninas , como o Ginásio de Garanhuns pagavam aluguel a Raquel Ferreira Grossi proprietária do Chalet.

Este era, á epoca um dos mais belos prédios de Garanhuns. Na arcada, lia-se as palavras: Deus, Pátria, Família, Instrução.

Mais tarde o prédio passou a ser a sede do Hotel Familiar onde geralmente se hospedavam os viajantes que afluiam a Garanhuns para renovar os estoques das lojas do Comércio. O Comércio de Garanhuns havia se expandido abundantemente desde  a inauguração da estação ferroviária em 28.09.1887.

O Hotel Familiar teve vários proprietários, dentre eles,  um outro italiano chamado Cipriano Ghedini. Solteirão convicto, conhecido na cidade por "Seu Menegolo" ou "Seu Supriano" como falavam os que não sabiam pronunciar corretamente o seu nome. 
Cipriano Menegolo

O Prédio do Hotel Familiar não mais existe. Em seu lugar está localizado o Banco Bradesco.

Os italianos tiveram uma presença marcante para o desenvolvimento econômico de  Garanhuns. Da família Grossi, destacamos:

Francisco Grossi (Chicó) que foi um dos pioneiros em instalação de Cinema. Em 1912, fundou o Cinema Grossi, na rua Santo Antonio, com excelente palco e capacidade para  600 pessoas. O cinema tinha ao lado um salão para Buffet e Bilhar, com iluminação elétrica proveniente de um motor OTTO de 12 hp.

F. Grossi  fez filmes e documentários sobre Garanhuns e cidades vizinhas e sobre a Cachoeira de Paulo Afonso. Trouxe artistas e companhias italianas para se apresentarem no palco do seu cinema.
Foi também, um pioneiro na instalação de luz elétrica em Garanhuns. Fornecia iluminação para casas comerciais  e residências, com um motor de 40 HP da marca OTTO.

Manuel Grossi que montou um pequeno transmissor de rádio de 10 watts, pelos idos de 1938. Este transmissor operou pouco tempo e foi desativado pelo governo por ser clandestino


Da família Notaro, destacamos Emílio Notaro  e Alfonso Notaro. Emílio era proprietário do restaurante ítalo-brasileiro, que localiva-se a Praça João Pessoa e era especializado em macarronada à italiana.

Alfonso Notaro era agrônomo, foi o primeiro diretor do Aprendizado Agrícola de Garanhuns, em 1911, e um dos pioneiros da produção de flores em Garanhuns. Contribuiu para que a Suíça pernambucana ficasse famosa pelos seus copos-de-leite, cravos, amores-perfeitos, e se tornasse conhecida como a "cidade das flores". Alfonso introduziu o cultivo comercial de flores no Nordeste, em 1912. A convite do Governo do Pernambuco, montou um centro de pesquisa na cidade de Garanhuns, cultivando várias espécies de flores ornamentais, entre as quais, destacava-se a rosa. No Bairro da  Boa Vista há uma rua em sua homenagem.

Havia também os Diletieri com suas lojas e armazens de estiva; os Schettini comerciantes do ramo de panificação; os Menotti Moroni e tantos outros italianos anônimos que migraram para Garanhuns em busca do seu aprazível clima e do sabor de suas águas, e deram sua contribuição ao desenvolvimento da nossa querida Suiça pernambucana.

11 comentários:

  1. O Restaurante Italo Brasileiro era do irmão de Afonso. Emilio NOtaro e não a Afonso

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  2. Existe algum descendente da Família Diletieri em Garanhuns?

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    1. emadassi, existem descendentes dos Diletieri em Garanhuns, sim.

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  3. Olha,eu queria muito saber sobre essa família, os Diletieri. Eu estou escrevendo um livro sobre o meu bisavô - que imigrou para o Brasil,para Garanhuns, há muito tempo. E, em minhas pesquisas, aparece o sobrenome Diletieri. Acho que meu bisavô era amigo do patriarca deles. O nome do meu bisavô era Giovanni Sorice Schettini e,acho que era amigo desssa família.Parece até que vieram juntos da Itália.
    Meu e-mail é elscavalcanti@yahoo.com.br. E ficaria muito agradecido por qualquer informação.

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  4. Olá, você tem conhecimento sobre a família REGIS?

    Obrigado.

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  5. Meu nome: Henrique Regis

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  6. O Hotel Familiar mereceu maior zelo, tombamento pelo IPHAN. É triste o que acontece com os documentos, no geral, em nosso Brasil. O Cinema Jardim foi outro desprezado; a Fábrica Paraguassu, a casa de Ruber van der Linden ... Um dia alguém derruba a prefeitura, etc.

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  7. AMEI A HISTORIA DA FAMILIA GROSSI, POIS CONHEÇO UM GROSSI EM BRASILIA, NUNCA IMAGINEI QUE ELE TEVE RAIZES AQUI.

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  8. exatamente! ficava com meus pais e irmãos hospedados no hotel familiar, conheci o sr menegolo!!!

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