Rosilda Cavalcanti
A revolta do Quebra-Quilos ocorreu no nordeste do Brasil, entre fins de 1874 e meados de 1875. Foi uma reação contra os decretos para a implantação do sistema métrico-decimal, para os pesos e medidas, em todo o império. Neste período, havia uma grande variedade de pesos e medidas, mas a população estava acostumada com as medidas desde muitas gerações. A tentativa de implantação do novo sistema métrico no país provocou revolta em diversos lugares. De modo indireto, outros fatores influenciaram às revoltas:quarta-feira, 15 de maio de 2013
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Aprendizado Agrícola de Garanhuns
Rosilda Cavalcanti
Fundado pelo Sindicato Agrícola e Pastoril de Garanhuns em 15 de maio de 1911 no sítio denominado Mulungu a três kilometros da cidade, seu nome homenageava Samuel Hardman, o secretário de agricultura do governo do Estado.
De acordo com o relatório do Governador Manoel Borba, ocupava uma área de 76 hectares sendo os terrenos secos e fracos o que de algum modo favorecia o ensino, pois seu cultivo exigia trabalhos especiais. Havia no terreno muitas árvores frutíferas e uma vasta plantação de eucaliptos.
O prédio construído para tal finalidade tinha acomodações para 25 alunos internos, salas para aula, refeitório, cozinha e compartimentos destinados à moradia do diretor.
A escola tinha o objetivo de formar trabalhadores aptos para os diversos serviços da propriedade rural de acordo com as modernas práticas agronômicas da época.
O regime de aprendizado era o de internato com frequencia obrigatória às aulas, exercícios e trabalhos práticos.
A escola era mantida pelo sindicato e subvencionado pelo governo do Estado. Seu primeiro diretor foi o agronomo italiano Alfonso Notaro. Cultivava-se feijão, milho, legumes, batatas alemães, flores e trigo etc.
O Aprendizado funcionou durante cerca de dez anos tendo sido inativado por falta de condições do sindicato de sustentar o empreendimento e os terrenos foram cedidos ao governo do Estado. Contribuiu para isso o fato de que alguns dos seus idealizadores, Sátiro Ivo, Argemiro Miranda, Júlio Brasileiro foram assassinados no episódio conhecido como Hecatombe de Garanhuns.
O relatório do Governo do Estado em 1924, informa que o Departamento do Trabalho e Imigração dividiu a propriedade e três sítios foram cedidos a duas famílias de imigrantes romenos e uma família russa. .
Em 1928, o governo do Estado construiu novos prédios e reconstruiu os antigos edifícios do aprendizado agrícola para que ali fosse instalada a Colônia Correcional de menores.
A partir do relatório do Governador Estácio Coimbra, podemos ter uma idéia da arquitetura dos prédios onde foi instalada a Colônia Correcional, e onde também funcionou mais tarde, o Patronato Agrícola e posteriormente o Instituto Bom Pastor:
No novo edifício, no pavimento térreo, estavam as salas de aula para instrução primária, sala de espera, secretaria e gabinete do diretor.
No pavimento superior, grandes salões para dormitórios das classes maior e menor, tendo ao centro um quarto do vigilante e três gabinetes sanitários.
O edifício reconstruído comunicava-se com o novo por três corredores cobertos. Comportava um grande salão de refeições, cozinha, despensa, alojamento dos cozinheiros e mais quatro dependencias para serventes e ajudantes de cozinheiro. Num dos extremos deste edifício ficava a enfermaria, comportava dezoito leitos com gabinete médico e dentista e um gabinete sanitário com entradas independentes.
No outro extremo foram construídos seis gabinetes sanitários, seis banheiros e três pias. Em um pequeno edificio novo, instalou-se o motor elétrico. Num plano superior ao edifício, o reservatório de abastecimento de água, e noutro plano inferior um grande tanque de captação de água, tendo junto um pequeno edifício onde foi colocada a bomba de elevação de água para os tanques reservatórios a 70 metros de altura.
"Dispõe a Colônia Correcional de Garanhuns de uma grande área de terreno próprio ao cultivo agrícola, com água potável permanente. A sua topografia é acidentada, formada de chapadões, taboleiros, encostas e várzeas, e a sua cobertura de capoeiras finas e alguns capoeirões onde se encontra madeira para combuustível. Abandonado ha alguns anos depois de extinto o aprendizado agrícola ali instalado, lá se encontram um parque de eucaliptos e dois pequenos cafezais"
No dia 18 de Outubro de 1929 foi inaugurado o prédio da escola correcional. Cento e quarenta e nove menores que estavam internados provisoriamente na casa de detenção de Recife, foram transferidos para Garanhuns. Os menores, eram em sua maioria meninos abandonados que viviam perambulando pelas ruas; havia também os que estavam lá por que os pais não dispunham de recursos para alimentá-los. Outros , os pais os consideravam indisciplinados demais e os punham na escola correcional, para segundo eles, "tomarem jeito de gente".
Ruínas do Prédio do Instituto Profissional Bom Pastor |
Os funcionários nomeados para a Colonia foram os seguintes:
Diretor:João Liberato Pereira de Melo;
Agrônomo: Plínio Alves de Araújo;
Médico: Pedro Augusto Carneiro Leão;
Dentista: Osório Pinto da Silva Souto;
Almoxarife: Ormindo Pires Ferreira;
Monitores: Pedro Alcides Figueiredo Lima e José Correia Rezende;
Auxiliar: Amara Acioli Santiago Ramos;
Mecânico: José Duarte Gitirana;
Mestres de Cultura: José de Albuquerque Cavalcanti e Manoel Paes da Silva Souto;
Cozinheiro: João Felix do Amaral;
Serventes: Luiz Gonzaga de Figueredo Lima, Manoel Francisco de Brito e José Francisco Nascimento.
A partir de Janeiro de 1931, início da era Vargas, a escola correcional passou a denominar-se Patronato Agrícola de Garanhuns, ficando sob a jurisdição da Secretaria da Fazenda.
BIBLIOGRAFIA: Relatório dos Presidentes dos Estados Brasileiros- 1890 a 1930- Pernambuco(Estado)-Estácio de Albuquerque- 03 de abril de 1930;
Relatório dos Presidentes dos Estados Brasileiros- 1890 a 1930- Pernambuco: Manuel Antonio Pereira Borba-Governador do Estado- 06.03.1919;
Relatório dos Presidentes dos Estados Brasileiros- 1890 a 1930- Pernambuco(Estado)-Sergio T. Lins de B. Loreto- Governador do Estado em 1925;
Jornal A Noite, sexta feira, 02 de janeiro de 1931;
BEZERRA, Gregório. Memórias- primeira parte- Rio de Janeiro- Civilização brasileira, 1979.
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