terça-feira, 4 de outubro de 2011

Origens das famílias de Pernambuco: Os sesmeiros

Os primeiros sesmeiros da Capitania de Pernambuco receberam suas datas de terras a partir de 1535. As famílias beneficiadas são quase todas ligadas à parentela do Donatário, ou articuladas com capitais estrangeiros que aplicaram nos engenhos.

As primeiras sesmarias foram distribuídas a fidalgos e gente de elevada hierarquia que chegavam de Portugal e de outras nações européias trazendo suas famílias e haveres próprios. Estes capitais lhes proporcionavam a possibilidade de casamentos junto à parentela do donatário, a recepção de sesmarias e a fundação de engenhos de açúcar.

Por concessão donatarial receberam todos, a título de sesmaria, terras necessárias ao empreendimento proposto, de propriedade perpétua, livres de pagamento de foro ou pensão. Agregavam-se a estes benefícios vários favores régios. Esta política de distribuição de terras fazia-se para os cultivadores do açúcar, exploradores do pau-brasil, desde o século XVI e para a criação do gado no Sertão, a partir do século XVIII.


O primeiro donatário da Capitania de Pernambuco  foi Duarte Coelho Pereira casado com Dona Brites de Albuquerque. Seu filho primogênito Duarte Coelho de Albuquerque foi o segundo donatário da Capitania.



Algumas famílias que receberam sesmarias:

Tristão de Mendonça, proprietário das terras do engenho Tabatinga. Abandonou a propriedade  no momento em que os holandeses ocuparam a região ao sul do Recife.  Depois, as terras foram vendidas a   João Batista Aciolli de Moura, fidalgo,cavaleiro da Casa Real. Suas terras pertencem hoje ao Complexo Industrial Portuário de Suape.
 
Filipe Bandeira de Melo e sua mulher Maria Maciel Andrada.
Pedro Bandeira de Melo;

João Gomes de Melo casado com D. Ana de Holanda. Deste casamento surge a família Melo da Casa de Trapiche do Cabo de Santo Agostinho;

Arnau de Holanda, natural de Utrecht, sobrinho do papa Adriano VI, casou-se com D. Brites Mendes de Vasconcelos, natural de Lisboa, filha de Bartolomeu Rodrigues, camareiro-mor do Infante D. Luís, filho do Rei D. João III. Desse matrimônio, origina-se a família Holanda, entrelaçada com a família Cavalcanti de Albuquerque;

Antonio Bezerra Felipa, nobre, provavelmente de origem italiana, fez alianças com famílias consideradas distintas, na Capitania;

Jerônimo de Albuquerque, cunhado de Duarte Coelho, casado com Filipa de Melo, com quem teve vários filhos. Deste casamento surge a família Albuquerque Melo e Cavalcanti de Albuquerque. De suas uniões extraconjugais surgiu a família Albuquerque Maranhão. Jerônimo teve filhos legítimos, legitimados e ilegítimos;

Sibaldo Lins e Cristóvão Lins, fidalgos alemães, chegaram ao final do século XVI. Sibaldo Lins casou-se com D. Brites de Albuquerque, viúva do Donatário e Cristóvão Lins com D. Adriana Holanda, filha de Arnau de Holanda;

Dom Felipe de Moura chegou a Pernambuco em 1556, sobrinho de D. Brites de Albuquerque, que em nome do seu filho, o segundo donatário, governava a Capitania, Dom Felipe de Moura casou-se duas vezes: a primeira com uma mulher da família Albuquerque e a segunda com uma mulher da família Cavalcanti;

João Paes Barreto, natural de Viana, Portugal, pertencia à nobre estirpe dos Morgados de Bilheiras, chegou a Pernambuco em 1557, casou-se com D. Inês Guardez, filha de Francisco de Carvalho Andrade e de sua mulher Maria Tavares Guardez, senhores do Engenho São Paulo, na Várzea do Capibaribe. Daí provém a família Paes Barreto; Proprietário do engenho Guerra, que recebeu como dote de sua mulher. João Paes Barreto, filho de Antonio Velho Barreto teve muitos irmãos: Estevão, Cristóvão, Miguel, Diogo, Antonio, Filipe e D. Catarina. Em 1637, a família deixou Pernambuco por causa da invasão holandesa e seus bens foram confiscados pelos holandeses e os seus engenhos, Velho e Guerra, foram vendidos.Atualmente, o engenho Guerra pertence à Usina Salgado e suas terras fazem parte do Município de Ipojuca.

Gonçalo Mendes Leitão, irmão do Bispo do Brasil, Pedro Leitão, casouse com Antonia de Albuquerque, filha de Jerônimo de Albuquerque com a índia Maria do Espírito Santo Arcoverde, recebendo em dote as terras de Paratibe, onde fundou um grande engenho de açúcar;

Filipe Cavalcanti, fidalgo florentino, já residia em Pernambuco desde 1556. Casou-se com D. Catarina de Albuquerque, filha de Jerônimo de Albuquerque com a índia Maria do Espírito Santo Arcoverde, legitimada
por concessão régia. Desta união provém a família Cavalcanti de Albuquerque; Filipe recebeu grandes quantidades de terras na região do Cabo de Santo Agostinho e ali implementou 03 engenhos: o Santa
Rosa, Santana e Utinga; situados em uma légua de terra em quadro, por concessão de Duarte Coelho de Albuquerque.O Santa Rosa atualmente pertence à Usina Salgado e suas terras ao município de Ipojuca.
Brás Barbalho Feio, fidalgo, casou-se com uma filha de Francisco Carvalho de Andrade, fidalgo da Casa Real e senhor do engenho São Paulo da Várzea.

Álvaro Fragoso, natural de Lisboa, fidalgo da câmara do Rei D. Sebastião, veio para Pernambuco e aqui casou-se com D. Joana de Albuquerque, filha legitimada de Jerônimo de Albuquerque;

José Peres Campelo chegou a Pernambuco em 1680, recebeu sesmaria, fundou engenho que deu o nome de Peres, junto engenho Jiquiá, em Afogados. É o tronco da família Peres Campelo;

Luis do Rego Barreto, segundo consta é de família nobre. Casou-se com uma das filhas de Arnau de Holanda, de cujo consórcio se origina as famílias Rego Barros e Barros Barreto;

Gaspar de Souza Uchoa, era militar e Capitão General em 1638. Em Pernambuco, casou-se com Maria de Figueroa Mendonça, filha de Marcos André Uchoa, senhor de engenho da Torre. Desse matrimônio originou-se a família Uchoa. Durante as Invasões holandesas, as terras do engenho foram tomadas e transformadas em uma fortaleza. Após a retirada dos holandeses, o descendente dos proprietários, Antônio Borges Uchoa reconstruiu o engenho. Nas suas redondezas foram instaladas algumas fábricas de tecido, de fósforo e olarias e etc. Atualmente, a Torre é um bairro prioritariamente residencial do Recife

Nicolau Aranha Pacheco casado com dona Francisca de Sande. Natural do Arco do Vale de Vez. Mestre de Campo, juntamente com seus parentes Antonio Fernandes Aranha  e Ambrosio Aranha de Farias, recebeu em 1658, uma sesmaria trinta léguas na região do Panema e nos Garanhuns: A sesmaria dos Aranha.

Capitão Cosme de Brito Cação casado com Clara Aranha Pacheco, um dos que recebeu lotes na Sesmaria dos Aranha, em 1658.

Gabriel de Brito Cação recebeu  em doação o Sítio do Buraco- na Sesmaria dos Aranha, por ter descoberto a terra dos Garanhuns.

Dr. Cristóvão de Burgos de Contreira-Ouvidor Geral do Brasil juntamente com Maria de Burgos viúva de Manoel de Couto  de Eça, e Pedro Francisco da Fonseca, Belchior Soares, Manoel Ribeiro de Almeida, Francisco Ferraz de Souza e dona Vitória de Souza, receberam do Governador Geral do Brasil, em 1671,  uma sesmaria de trinta léguas: Sesmaria dos Burgos.
O Capitão de Ordenanças Bernardo Vieira de Melo casado com Maria  Camelo, juntamente com Antonio Pereira Pinto e Manoel Vieira de Lemos, receberam em 1671, uma sesmaria de vinte léguas de terra:  Sesmaria dos Vieira de Melo. Bernardo era filho do Cavalheiro, fidalgo da casa real  Antonio Vieira de Melo e de dona Maria Muniz.


BIBLIOGRAFIA:
Costa , A. F. Pereira da. Anais Pernambucanos. Recife: Arquivo Público Estadual de Pernambuco. Tomo IV, P468, 1954.

Cavalcanti, Alfredo Leite. História de Garanhuns- 2ª edição- Biblioteca Pernambucana de História Municipal.-1997.

19 comentários:

  1. Obrigado por escrever sobre nossa história. Você tem alguma informação sobre a historia do Capitão João Leitão? Se tiver ficarei muito pois sou interessado nas historia de pessoas ilustres que nome a algumas ruas e avenidas de nossa querida Garanhuns.

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  2. Gaspar de Souza Uchoa não consta como Sesmeiro em Pernambuco

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  3. Parabéns pelo blog!Nas minhas pesquisas sobre as genealogias referentes ao holandês Arnau de Hollanda e sua mulher Brites Mendes de Vasconcellos,deparei-me com informações acerca do nome verdadeiro de Arnau de Holanda,ou seja,chamava-se Arnold Hendricksz,filho de Hendrick Van Rijnsburg.Em Portugal todas as pessoas provenientes dos Países Baixos eram conhecidas como Antônio de Holanda,Francisco de Holanda ou Jácome de Holanda,sem nenhum parentesco entre si.Por outro lado,deparei-me com com uma obra genealógica da Família Holanda Cavalcanti,por sua vez,escrita pelo Capitão-Mor José de Xerez Furna Uchôa,da família Uchôa de Pernambuco,descendente direto do rico colono Marcos André e de sua mulher D.Maria de Mendonça Uchôa,filha do Mestre de Campo Gaspar de Souza Uchôa.O Capitão-Mor José de Xerez Furna Uchôa era descendente direto do holandês Arnau de Holanda ou Arnold Hendricksz(Arnoldo filho de Henrique em holandês)e de Brites Mendes de Vasconcellos.O mesmo escreveu "Memórias Genealógicas da Família Hollanda Cavalcanti",que lhe consumiram 12 longos anos de um trabalho assíduo e enfadonho,despesas avultadíssimas,nesses 12 anos ele empregou no Século XVIII,quase que exclusivamente em examinar documentos,rever todos os cartórios,revolver todos os arquivos das Capitanias da Bahia até o Ceará e muitos da Metrópole(Lisboa),combinar cronologias,conhecer o passado etc.Foi a Portugal por uma ou duas vezes com tal objetivo.Relatou em suas memórias descender da família dos Albuquerques por ser D.Joana de Goes e Vasconcellos(mãe de Brites Mendes de Vasconcellos),filha de Francisco de Albuquerque e Vasconcellos,que foi filho de D.Tereza de Albuquerque e de Pedro de Goes e Vasconcellos.Essa D.Tereza de Albuquerque era filha de Leonor de Albuquerque e de João Gonçalves de Gomide(Traços Biográficos do Capitão -mor José de Xerez Furna Uchôa-Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Ceará).Esclareça-se que o Capitão-mor José de Xerez Furna Uchôa transferiu-se da cidade de Goiana-Pernambuco para a cidade de Sobral-Ceará,em meados do Século XVIII.Família Hollanda-Padre holandês Frans Leonard Schalkwigk,pesquisa realizada a pedido do IAHGP-Instituto Arqueológico,Histórico e Geográfico Pernambucano.

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    1. Muito interessante suas colocações sobre a família Holanda Cavalcanti.

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    2. Tenho como Arnaud Florentz de Holanda (1515 - 24.06.1614) cc. cer 1550 - Brites Mendes de Góes e Vasconcellos (1525 - 19.12.1620)

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    3. Onde encontrar esta obra do cap.-mor José de Xerez?

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  4. Alguma referência sobre os Campelo Beserra
    E Alves de Brito?

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  5. Sou da família Araújo,meu esposo e da família leitao e leitao de Melo. ALGUÉM PODE ME DAR MAIORES INFORAÇÕES SOBRE ESTAS FAMÍLIAS? MEU PAI RILDO PEREIRA DE ARAÚJO, AVÓ DO MEU ESPOSO :MARIA LEITAO DE MELO E JOSÉ LEITAO EM Pernanbuco.

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  6. Vc saberia me dizer a origem do sobrenome ribeiRi do estado de Pernambuco? Obrigada

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  7. Olá, você tem maiores informações sobre a família Bandeira citada por você no blog?

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  8. Olá, sou Cristina Saboia e se puder me ajudar com as minhas pesquisas serei grata. Minha bisavó: Argentina de Souza Uchôa é natural do Ceará/ Cascavel.
    Pais: Manoel de Souza Uchôa e Maria Dora de Souza Uchôa.
    Avós Maternos: José Caetano de Souza Uchôa e Constância de Souza Uchôa.
    Não consigo prosseguir nas pesquisas e como todos são de Souza Uchôa fico imaginando que a descendência possa vir de Gaspar de Souza Uchôa. Poderia me dar uma luz?

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  9. Qualquer informação é bem vinda. Vou deixar meu email. cristinasaboia@hotmail.com

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    1. Eu sei que tem gente da família Sabóia conseguindo naturalização portuguesa por meio de judeus sefarditas. Entra em contato rhavennabatista@gmail.com

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    2. Boa tarde , meu nome de Ricardo lemos carneiro de Holanda, sou de recife , minha família Holanda e originário do município de glória do goita e vitória do santo antão , se alguém tiver fazendo genealogia da família Holanda e quiser trocar informações agradeço .9979-26921(ZAP)

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    3. Sou Holanda Cavalcante e Holanda Valença. Saiba mais sobre os Holanda aqui:

      https://www.omeulegado.com.br/cole%C3%A7%C3%A3o-hc

      Há um ramo em Vitória de Santo Antão. Já pesquisou no Familysearch? www.familysearch.org
      mlmedeiros@gmail.com

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  10. Parabéns pela pesquisa. Tem fontes sobre a origem da família SABORIDO em Pernambuco. Meu falecido avô é da família Saborido, saiu do povoado de Jussaral em Cabo de Santo Agostinho, para Vitória de Santo Antão. Era parente do atual arcebispo de Recife e Olinda, Dom Fernando Saborido. Hoje estamos por Recife, Brasília, e Minas Gerais.

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  11. Alguém tem algum estudo sobre a família melo de Pernambuco?

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  12. Parabéns pelo artigo. No entanto, gostaria de colaborar compartilhando uma informação do genealogiata Francisco Antônio Dória: o Papa Adriano "não tinha irmã".

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