sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ação pedagógica do IBN sob a responsabilidade da missão norte-americana-1945 a 1983

O IBN nasceu em 02.04.1945 como uma training School para moças funcionando no Agnes Erskine. Em 1955 é transferido para Garanhuns e torna-se um novo tipo de instituição educacional para ambos os sexos, com o objetivo  de treinar professores, e treinar leigos para o trabalho nas igrejas, e também como colégio agrícola.

Escolas desse tipo foram fundadas por missionários americanos em todo Brasil e visavam preparar jovens para serem professores, ou para trabalharem como catequistas nas igrejas. As escolas incluíam também, para os rapazes, treinamento profissional em Agricultura.

Charles Ansley e agricultor

No IBN, os rapazes estudavam Bíblia e trabalhavam no campo para pagar a anuidade da escola.


O programa agrícola esteve sob a responsabilidade do missionário Agrônomo Charles Ansley(1955) e mais tarde do missionário Olin Coleman (1964) que introduziu também, programas voltados diretamente para os proprietários rurais da região, com a utilização de técnicas modernas aplicadas a agricultura.




Esse tipo de escola também era um ambiente onde se testavam novas práticas pedagógicas , de forma que o IBN cria uma Escola Experimental para Ensino de Crianças, as professoras da Escola são alunas do IBN, o que garantia a reprodução das práticas pedagógicas e da metodologia implantada pelos missionários. Mas, esta escola é também um ambiente de catequização. De forma que, nos finais de semana a escola se transforma em Igreja para evangelizar os pais das crianças que ali estudavam.

No Brasil, o alvo dos protestantes, que era a conversão através da educação, chegou a ser conhecido no lema que corria informalmente: “para cada igreja uma escola”; mas, o inverso também era verdadeiro, ou seja, existia em cada escola uma igreja.

Outro momento em que o IBN, vai dirigir a sua ação pedagógica não só para os adeptos do protestantismo, mas para a sociedade em geral, é a partir de 1963 quando participa da Campanha Laubauch de Alfabetização e passa a treinar pessoas de todos os credos como professores alfabetizadores. A Campanha foi encabeçada pelo Colégio Presbiteriano Agnes Erskine de Recife e utilizava um método de alfabetização de adultos criado pelo missionário protestante norte-americano Frank Charles Laubach (1884-1970). Laubach esteve no Brasil em 1943, a pedido do governo brasileiro a fim de explicar sua metodologia. A visita de Laubach a Pernambuco causou certa repercussão nos meios estudantis. Ele ministrou palestras nas escolas e faculdades e conduziu debates no Teatro Santa Isabel.

O método de Laubach consistia no reconhecimento das palavras escritas por meio de retratos de objetos familiares do dia-a-dia da vida do aluno. A letra inicial do nome do objeto recebia uma ênfase especial, de modo que aluno passava a reconhecê-la em outras situações, passando então a juntar as letras e a formar palavras.

A Missionária norte americana Lorie Sisk, professora do Colégio Agnes Erskine, especialista em alfabetização veio a Garanhuns com a finalidade de treinar alunos do IBN para participarem da campanha Laubach. O Colégio Santa Sofia, o XV de Novembro e o Ginásio do Arraial também enviaram pessoas para participarem do treinamento. A Historiadora Juracy Fialho Viana nos informa que 200 (duzentos ) adultos foram alfabetizados em Garanhuns.

Este era o início de um trabalho de alfabetização de adultos que somente vai se estabelecer a partir de 1965, com a oficialização da Cruzada de Ação Básica Cristã (Cruzada ABC) . O movimento era sustentada por um acordo entre a USAID (United States Agency for Devellopment), o Colégio Agnes Erskine (Recife) e a SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste).

Aluna da Cruzada ABC recebendo certificado das mãos de Jule Spach
(Álbum do missionário Jule Spach)

"O objetivo é capacitar o homem analfabeto-marginalizado, a ser participante na sua sociedade contemporânea, como contribuinte do desenvolvimento sócio-econômico e recebedor de seus bens." (OBJETIVOS DA CRUZADA ABC, 1965).

O trabalho na área de alfabetização de adultos começou três anos antes da oficialização da Campanha ABC, com a distribuição das cartilhas "LER", "SABER" e da Cartilha ABC que foram confeccionadas a pedido do governo federal, por uma equipe do Colégio Agnes" em convênio com o governo Cid Sampaio (1959/63), de Pernambuco. Esse programa teve um período experimental realizado em alguns bairros pobres do Recife e acabou se expandindo por todo o Estado.

Em 1963, Miguel Arraes assumiu o governo de Pernambuco e o presidente do Brasil passou a ser João Goulart. Nesse período, houve um apoio local, regional e nacional à aplicação do Método Paulo Freire de alfabetização, então, o projeto alfabetizador dos missionários protestantes norte-americanos foi adiado e só foi retomado depois do Golpe de Estado de 1964.

Desfile da Cruzada ABC(Album do missionário  Jule Spach)


Em 1966, a cruzada ABC é lançada em Recife com a finalidade de alfabetizar adultos no Nordeste. Ao IBN cabe a responsabilidade de preparar os professores. A cruzada fornecia bolsas de estudos para formação destes professores, de maneira que em 1968 o IBN tem 80 alunos matriculados. Não havendo alojamento para todos, alguns se hospedam no Colégio Evangélico XV de Novembro.




O IBN funcionava em regime de internato, embora abrisse exceções. Caso o egresso tivesse residência em Garanhuns, poderia excepcionalmente, estudar em regime de externato.

Semelhante as demais escolas presbiterianas norte-americanas, adotava a co-educação e o sistema cooperativo. Rapazes e moças estavam juntos na sala de aula e os alunos obtinham sua educação através de uma contribuição financeira mensal e de serviços prestados ao estabelecimento. Muitos alunos tinham seus estudos financiados pelas suas igrejas de origem.

Os rapazes cuidavam da limpeza dos arredores, da horta, do internato e recebiam noções de agricultura. As moças ajudavam as cozinheiras, e lavavam pratos , passavam roupas, davam aulas ás crianças da escola experimental e cuidavam da limpeza dos prédios. Todo o trabalho era dividido em turmas.
Cuidando da copa

Os alunos exerciam atividades na igreja, participavam do coral, dos cultos, e do ensino das crianças. Havia horas marcadas para início dos trabalhos, aulas, divertimentos, refeições, cultos. 

Havia cultos devocionais no refeitório, antes das refeições, sempre ministrados por um aluno, previamente escalado.

A semelhança das demais escolas implantadas pelos missionários, havia no IBN uma preocupação com a formação integral do aluno: além dos Cursos Pedagógico Bíblico, Científico Bíblico, Música, aprendia-se também canto, instrumentos musicais, principalmente piano e violão, e havia incentivo à prática de esportes.
Os alunos faziam o Pedagógico ou Científico no Colégio Evangélico XV de novembro e o Curso Bíblico no IBN.



Além do Currículo Normal, havia também, as semanas de Cursos especiais, nas quais se ministrava cursos de comunicação, higiene e nutrição etc.

Em vários momentos a missionária e Jornalista Norte Americana Marion Van Horne esteve no IBN para ministrar cursos de Jornalismo e de formação de escritores.

Depois das oficinas de treinamento, os alunos recebiam certificação e o material era publicado em Livros. Van Horne era diretora de mídia impressa e de formação de escritores da Intermedia, que é um órgão do Conselho Nacional de Igrejas em Nova York. Ela viajou por mais de cinqüenta países oferecendo cursos de formação de escritores. Ela não falava português e as aulas eram traduzidas por Anne Pipkin, Charlotte ou Mary Garland.

Os professores do IBN eram os próprios missionários americanos e ex-alunos do IBN ou do Seminário Presbiteriano do Norte, o que garantia a manutenção dos métodos pedagógicos implantados pelos missionários.

O método era o indutivo, baseado na observação. Os estudantes que eram acostumados, em outras escolas , a decorarem os textos, de início, sentiam muita dificuldade.
Aula com Rev. Nizan Bahia- 1977
Alunas: Robélia e Renilda, Euclenildes  Souza e Rosana Rodrigues ??? 

Como era complicado, no início, elaborar,  a partir dos textos lidos, as dez observações solicitadas pela professora Charlotte Taylor!

Também, havia ali, uma maior proximidade entre professor e aluno, o que descomplicava bastante esta relação. Era muito estranhável para nós que vínhamos de uma escola onde imperava o distanciamento e autoritarismo do mestre, que os nossos professores nos conhecessem e nos chamassem pelo nome.
Aula com Hans Neuman ( corrijam-me se estiver enganada)

Os alunos do IBN, vinham de todos os Estados do Brasil, mas principalmente de Alagoas, Sergipe, Bahia, Ceará, Paraíba e Pernambuco e se tornaram pastores, músicos, professores, profissionais liberais etc. até que ponto, reproduziram na sua vida profissional, as práticas aprendidas no IBN, é algo a ser investigado.


A estrutura física:
A estrutura física do IBN dá visibilidade ao seu projeto educacional. Os edifícios escolares explicitam a sua ação pedagógica.

Entrada principal do IBN

O primeiro prédio, na entrada principal do IBN, foi destinado à residência do diretor, de professores,  ao internato feminino, a biblioteca, sala de recreação, banheiros. A garagem e a lavanderia que ficavam no subsolo desse prédio. Os quartos das meninas eram bem arejados com janelas largas com grades, e todos tinham armários.



Outro ângulo do prédio de entrada

O Segundo edifício, composto do refeitório, copa, cozinha, dispensa, salas de aula, secretaria, salas de música e tinha uma entrada para a Capela Neville.




Havia também o prédio onde funcionava o internato Masculino, com quartos bem arejados camas e armários. Embora, na sala de aula homens e mulheres estivessem juntos, as moradias eram bem separadas, e os meninos eram proibidos de circularem ao lado do prédio onde ficavam as janelas dos quartos femininos. Mesmo assim, saíram dali alguns casamentos.
 
Na parte externa, uma área livre para a prática de esportes. E, por todos os lados, havia verde, muito verde, e flores, e pássaros cujo cantar acordava os alunos, todos os dias.


A cerca de 100 metros dos edifícios,  um anfiteatro pitorescamente construído, de forma circular, com arquibancada para 200 pessoas, para realização de eventos e cultos em ocasiões mais especiais.
Anfiteatro do IBN: Foto de Elio Rocha
A escola dispunha de pianos, harmônios, violões e um conjunto de Sinos para estudo e treinamento dos alunos de música.

BIBLIOGRAFIA:
MESQUIDA, Peri. Hegemonia norte-americana e educação protestante no Brasil. São Bernardo do Campo/Juiz de Fora: Editeo/Editora da UFJF, 1994.
ELIAS, Norbert. O processo civilizador - A história dos costumes. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.
MENDONÇA, Antônio Gouvêa. O celeste porvir: a inserção do protestantismo no Brasil. São Paulo: Paulinas, 1984
VIANA, Juracy Fialho. 40 anos Construindo Vidas –Instituto Bíblico do Norte-1945-1985. Garanhuns: Missão presbiteriana do Brasil,1985.
RÊGO, Alberto da Silva. Os Aldeões de Garanhuns. Coleção tempo Municipal,10. Recife: FIAM/ Centro de Estudos de História Municipal, 1987.
CARDOSO, Luís de Souza. A Formação do Protestantismo de missão no Brasil – Evangelizar e Educar. Núcleo História e Educação. Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP;




Missão Norte Americana em Garanhuns

Evangelizar e educar foi a estratégia missionária dos protestantes que vieram para o Brasil a partir de meados do século XIX.  A chegada dos missionários causou alguns impactos na sociedade brasileira por que nas localidades em que se instalavam  abriam escolas, colégios,  igrejas e hospitais.



Rev. Dr. George Butler
Há indícios que levam os estudiosos a concluírem que o projeto missionário tinha relação com a ideologia expansionista norte americana. Os missionários se sentiam chamados por Deus para espalhar sua palavra a todos que dela necessitavam. A ideologia norte-americana do destino manifesto transparecia nessa postura que os fazia acreditar ser o povo escolhido para divulgar a verdadeira fé.

O contexto histórico que o Brasil atravessava propiciou a entrada e a veiculação do protestantismo, que se apresentava como uma opção de ideologia religiosa após mais de trezentos anos de predomínio absoluto do catolicismo.

A presença da religião católica na vida social e política brasileira sempre foi significativa, embora sempre se tenha observado que se tratava de uma religiosidade de aparências. Na verdade, os comportamentos morais e políticos não se procediam de acordo com os princípios religiosos cristãos. Mas, tudo se sucedia
sob o olhar complascente do Clero.

Quando os missionários  protestantes chegaram ao Brasil com a tarefa específica de divulgar o Evangelho, encontraram um país com uma cultura que apresentava elementos favoráveis à sua implantação, mesmo considerando-se as perseguições que foram levadas a efeito pelo clero católico e por segmentos conservadores aliados da Igreja, que viam o protestantismo como uma ameaça.

O clero católico, com sacerdotes ausentes ou distantes, rezava a missa em latim , oferecia uma educação primordialmente voltada para a elite, e não  disseminava a leitura da Bíblia, privilégio dos padres e de alguns poucos letrados.

Os primeiros missionários protestantes, pregavam o Evangelho, ensinavam hinos para serem cantados em reuniões familiares, faziam amigos entre os moradores da província e  preparavam  o terreno para a nova religião e, através dela, para um ideal de vida diferente do até então adotado pela sociedade brasileira.,

As primeiras instituições educacionais protestantes no Brasil vão surgir através da necessidade de evangelizar, já que toda a fé protestante se baseia na leitura da Bíblia, e o analfabetismo que reinava no Brasil era um obstáculo a conversão. Este é o motivo que vai levar o protestantismo de missão a envidar esforços no sentido de criar instituições educacionais que se encarregariam da educação dos brasileiros possibilitando a conversão dos mesmos.

Os missionários utilizavam-se basicamente de três instrumentos de intervenção pedagógica:
As escolas que eram voltadas para a elite e que foram determinantes na ação missionária. A elite vai se sentir atraída pelos métodos pedagógicos implantados nestes colégios que incorporavam o estilo de vida e os ideais liberais norte-americanos voltados para os interesses do capitalismo. Através da educação da elite, os missionários pretendiam atingir a população em geral, formando líderes protestantes que atuassem na sociedade. Algumas destas escolas são instituições muito importantes ainda hoje, como O Mackenzie, em S. Paulo, o Agnes Erskine, em Recife, O Colégio XV de Novembro, em Garanhuns;

Também, foram criadas escolas voltadas para as classes menos favorecidas. São as escolas paroquiais.  Estas escolas, também tiveram sua importância no desenvolvimento do projeto missionário, já que um dos maiores problemas para a transmissão da fé protestante era o analfabetismo. O protestantismo é uma religião do livro, tudo gira em torno da leitura da Bíblia, do hinário, da literatura doutrinária e devocional, portanto, era necessário ensinar o povo a ler;


Outro tipo de intervenção pedagógica deu-se através da fundação de escolas para treinamento de professores e obreiros: as training school. Estas escolas objetivavam garantir a continuidade da metodologia de ensino aplicada nas escolas pelos missionários. Garantia a formação de professores que iriam reproduzir essa metodologia. Além disso, visava, também, atender as atividades das igrejas, formando obreiros para propagarem as doutrinas da igreja protestante. O Instituto Bíblico do Norte, em Garanhuns. está incluído nesta categoria.

Muitas denominações protestantes enviaram missionários para Brasil . Em Garanhus, destaca-se a atuação dos  missionários presbiterianos, vindos da missão Sul dos Estados Unidos.

Os missionários presbiterianos que vieram para o Brasil eram procedentes da a Igreja do Norte (PCUSA) e da Igreja do Sul (PCUS). A agência missionária da primeira, era a Junta de Missões Estrangeiras, sediada em Nova York, e a igreja do sul tinha um Comitê de Missões Estrangeiras, sediado em Nashville, Tennessee. Ambas as organizações eram firmes partidárias da educação como um importante instrumento da obra missionária.

A Igreja do Norte (PCUSA) tinha duas missões no Brasil: Central Brazil Mission (Bahia e Sergipe) e South Brazil Mission (Rio de Janeiro até Santa Catarina); a Igreja do Sul (PCUS) também tinha duas missões: Northern Brazil Mission (nordeste e norte) e Southern Brazil Mission (São Paulo, Minas Gerais e Goiás).

Em Garanhuns, os missionários da Northern Brazil Mission idealizaram e fundaram várias instituições, entre as quais destacamos  Igreja Presbiteriana Central de Garanhuns(1895), o Seminário Presbiteriano do Norte(1899), transferido para Recife em 1921, O Colégio XV de Novembro(1900), o Orfanato Evangélico(1928) , o Instituto Bíblico do Norte(1945) e  uma Escola Experimental para Crianças que funcionava no próprio IBN (1959);

A Igreja Presbiteriana Central de Garanhuns  fundada pelo casal Butler em 1895. Sua organização formal se deu  em 22 de janeiro de 1900.


O Seminário Presbiteriano do Norte  teve sua fundação em 1899, com a denominação de Escola Theológica, com a  finalidade de preparar pessoas para o Ministério. Seu início foi em Garanhuns, com o Dr. GeorgeW. Butler, Rev. Martinho de Oliveira e o Rev. George Henderlite, dando aulas para os primeiros alunos, que vieram a ser também os primeiros ministros formados no Nordeste do Brasil.
Entre eles,  Jerônimo Gueiros, Benjamin Marinho, Alfredo Ferreira, Motta Sobrinho, Antonio Almeida e Antonio Gueiros.

Em 1921, o Seminário é transferido para Recife.  Em 1924, torna-se oficialmente Seminário Evangélico do Norte. Com a ajuda da Junta de Nashville (Igreja do Sul dos Estados Unidos) adquire-se no bairro da Madalena, o terreno onde ainda hoje funciona o Seminárrio Presbiteriano do Norte.

O Colégio Evangélico XVI de Novembro nasce em 1899 como uma escola do tipo paroquial. Foi idealizada pelo Dr. William Butler e sua esposa Rena Butler com a finalidade de levar instrução a um grupo de rapazes que havia se convertido. As aulas eram ministradas pelo casal Butler.   Em 1900, o  Rev. Martinho de Oliveira é o reforço necessário que vai oportunizar a fundação do então denominado Colégio Evangélico. Em 1908, a denominação passa a ser "15 de novembro", e a esta altura a sob a direção do missionário E.Henderlite e do Rev. Jerônimo Gueiros. A educação e os métodos pedagógicos do Colégio XV atraem os interresses das elites de Garanhuns e de outros municípios próximos e até de outros estados da federação  que vão colocar seus filhos para estudarem no colégio.

O Orfanato evangélico teve sua fundaçâo em dezembro de 1928, sob a direção do casal de  missionários norte americanos William e Lídia  Neville. Tinha como objetivo cuidar de crianças órfãs. Os recursos para o sustento vinham de doações de particulares. O historiador Alberto da Silva Rêgo nos informa que " em agosto de 1933, havia 20 pequerruchos. Contava com a colaboração sem ônus, do Dr. Tavares Correia, na parte pediátrica.

O Instituto Bíblico do Norte nasce em Recife, em 1945 nas dependências do Colégio Agnes Erskine, como Escola de Treinamento de Bíblia para Moças. Em 1955 transfere-se para Garanhuns já com a denominação Instituto Bíblico do Norte e oferece treinamento para obreiros leigos e professores e também treinamento agrícola. Os fundadores do IBN são os missionários Raynard Arehart e Francis Arehart.
IBN

A escola Experimental  teve sua fundação em 1959,  com três salas de aula, funcionando nas dependências do Instituto Bíblico do Norte, sob a Direção de Aretuza Gueiros, visava atender às crianças menos favorecidas dos arredores da cidade. No final de semana, a Escola era usada para realização de cultos evangelísticos e também como centro de distribuição dos alimentos recebidos do serviço mundial de igrejas, às famílias das crianças da Escola. A escola era um laboratório de testes de novas práticas pedagógicas e o ensino era ministrado por alunas do IBN.

No setor da saúde, destaca-se  o trabalho do missionário médico cirurgião George W Butler. Que a partir de 1984 passa a residir em Garanhuns. Teve uma atuação importantíssima no tratamento dos doentes de frebre amarela epidemia que nesta época, assolou a região. Em 1986, Butler consegue  licença para clinicar no Brasil. Na cidade vizinha de Canhotinho , onde passa a residir, Butler funda uma igreja, um colégio e um hospital.


Na imprensa, é importante enfatizar que a presença das oficinas gráficas do "Norte Evangélico"" em Garanhuns vai dar um grande impulso a divulgação da obra presbiteriana neste município. O referido periódico teve sua fundação em 1895, na cidade de Natal pelo missionário William Calvin Porter com a denominação de "O Século", mais tarde sob a direção do Rev. Jerônimo Gueiros, a tipografia do Jornal é transferida para Garanhuns, o jornal funde-se com a imprensa evangélica da Bahia e assume em fevereiro de 1909, a denominação de "Norte Evangélico".
William Thompson

O missionário norte americano William M. Thompson  foi diretor do Norte Evangélico no período compreendido entre 1911 a 1928. Além de ser colaborador  das revistas: "O Expositor";  "O Avante", e "As Lições internacionais"
REGO,  assim se expressa: "Falando do Dr. Thompson diz JDF: "Um cidadão que pode servir de modelo a quem queira passar pela vida com decência. Ministro de uma religião, que eu nem sei nem quero saber se é verdadeira, ele, pelo exemplo, pode angariar maior número de adeptos do que pela pregação de sua doutrina. Se é exato que há céu e para lá irão os homens de bem, o lugar de Dr. Thompson está reservado, sem a menor dúvida"

Em 1930, o também missionário William G. Neville assume a gerência do Norte Evangélico e em 1942 torna-se o diretor do jornal. Transcrevemos o que nos diz REGO: " Dr. Neville, também pastor , diretor do Norte evangélico, fundador do Orfanato evangélico ... vivia sempre sorrindo."
Dr. Neville era tão sorridente que tinha o apelido de "Happy Neville".

Em 1951 o missionário Langdon Henderlite assume a funçao de diretor responsável pelo Jornal. Em 1952, o Norte Evangélico deixa de circular em Garanhuns.

A presença dos missionários americanos e destas instituições contribuiu para que Garanhuns se tornasse um importante centro irradiador do presbiterianismo no Nordeste.

Desde 1894, quando o missionário médico norte-americano George Buttler passou a residir em Garanhuns, através do desenvolvimento do seu trabalho como médico e missionário o município tornou-se um centro irradiador para o nordeste do presbiterianismo e  das práticas pedagógicas implantadas pelo protestantismo de missão.

Os missionários, através das igrejas e instituições escolares, divulgaram o pensamento, o estilo de vida, a crença religiosa, a visão de mundo, a postura ética e os hábitos de trabalho e de poupança da sociedade norte-americana.

Para entendermos o valor desta contribuição, é importante conhecer a prática pedagógica protestante que era utilizada nos colégios implantados.

A educação baseava-se no método indutivo, intuitivo ou lição das coisas e que tinha como característica principal levar o aluno a desenvolver suas faculdades mentais através da observação. Era diferente da educação Católica e do Estado, pautadas no método dedutivo e de memorização; introduz-se, na sala de aula, a leitura silenciosa, diferentemente do que faziam as escolas brasileiras com seu costume de leitura em voz alta e decoração sem raciocínio. (MESQUIDA, 1993, p. 48-9)

Outra prática inovadora foi a utilização do princípio co-educativo: meninos e meninas, rapazes e moças estavam na mesma salas de aula; Esta é uma prática que nos dias de hoje não encerra nada de especial, mas até mais da metade do século XX, não era comum que assim acontecesse. Essa prática foi muito criticada por segmentos da igreja católica que classificou a educação protestante como promíscua.

Outro fato importante, é que o protestantismo de missão coloca ensino de crianças sob a responsabilidade feminina levando a mulher a ocupar um lugar de destaque na obra educativa.

O protestantismo de missão proclamava a educação como um direito do indivíduo, e entendia que sendo assim, era preciso garanti-la indistintamente a todos, independentemente da raça, da cor, do sexo ou da classe social.

O individualismo é a marca indelével do protestantismo. A salvação no protestantismo se dá individualmente. O protestantismo não crê em redenção coletiva. De forma que essa ideologia vai ser transferida também para o campo pedagógico.

O ensino enfatizava o individualismo ético incutindo valores como honra, virtude, respeito mútuo, liberdade, solidariedade e cidadania, o que caia no agrado dos intelectuais da época e dos formadores de opinião.

A estrutura física onde se desenvolvia o processo educacional também era diferente: a localização das escolas em função da classe social a ser influenciada; a aparência estética dos edifícios, construídos com estrutura sólida e imponente, ao estilo dos casarões das fazendas do sul dos Estados Unidos; o ambiente interno das escolas com nova concepção pedagógica – ausência de estrado nas salas, aproximando alunos e o mestre, carteiras individuais, auditórios para programas coletivos, materiais didáticos, laboratórios, equipamento musical, esportes, classes mistas; o conteúdo identificado com valores liberais, da cultura e do modo de vida norte americano.

Mesquida (194, p. 49) destaca ainda que “era nesse novo espaço sócio-cultural atraente, sedutor, que se materializavam, pela prática educativa, a história, o modo de vida (o american way of life) e a concepção de mundo do país de origem dos missionários”.

Missionários Americanos que atuaram em Garanhuns:
Ann Farr Pipkin
Arthur Lindsay e Anne (1960 a ?)
Charles Ansley e Ruth Ansley.
Charlotte Garland Taylor
Donald E. Williams ( 1954 a ?
Douglas Barrick e Sheila Barrick
Edwin Raynard Arehart e Frances Arehart ( 1951 a ?
Estella Koroch
Farris McDaniel Godrum
Frank Musick e Elizabeth Musick
George W.Taylor- (1921- 1938)
George Henderlite (1908 a 1914)
George William Butler e Rena Butler
Hodge Smith (1955 a ?)
James Maner e Índia Maner
Jule Spach e Nancy (1956 a 1960)
Julia Taylor
Malcom Watson (1950 a 1951)
Margaret Morrison
Mary Garland Taylor
Mary Sullivan
Nancy Boyd Garrison
James Olin Coleman e Jean Coleman
Paul Coblentz e Adelia Coblentz
Susan Cockerell (1925 ?? especialista em pedagodia- Colégio 15 de Novembro)
Walter Swetnam (1938 a 1948)
William Brandt e Louise (1959 a 1972)
William M Thompson e Catherina Thompson ( 1910 a
William Neville e Lídia

BIBLIOGRAFIA:
MESQUIDA, Peri. Hegemonia norte-americana e educação protestante no Brasil. São Bernardo do Campo/Juiz de Fora: Editeo/Editora da UFJF, 1994.
ELIAS, Norbert. O processo civilizador - A história dos costumes. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.
MENDONÇA, Antônio Gouvêa. O celeste porvir: a inserção do protestantismo no Brasil. São Paulo: Paulinas, 1984
VIANA, Juracy Fialho. 40 anos Construindo Vidas –Instituto Bíblico do Norte-1945-1985. Garanhuns: Missão presbiteriana do Brasil,1985.
RÊGO, Alberto da Silva. Os Aldeões de Garanhuns. Coleção tempo Municipal,10. Recife: FIAM/ Centro de Estudos de História Municipal, 1987.
CARDOSO, Luís de Souza. A Formação do Protestantismo de missão no Brasil – Evangelizar e Educar. Núcleo História e Educação. Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP;

sábado, 6 de fevereiro de 2010

JOÃO TUDE DE MELO

João Evangelista Tude de Melo foi um dos pioneiros do transporte coletivo entre Garanhuns/Recife. Filho primogênito, assumiu a responsabilidade do sustento da família, desde que sua mãe Leonor Tude de Melo ficou viúva. Trabalhava de mecânico em Garanhuns, na oficina de propriedade de Neri Guimarães. Conseguiu instalar sua própria oficina depois de trocar um carro ford velho de sua propriedade por um terreno situado a rua Ari Barroso  que pertencia a Dario Rêgo.
O jovem mecânico de macacão sujo de óleo não tinha hora para descanso. Sem muito capital, mas contando com seu próprio esforço e entusiasmo, idealizou implantar uma linha de ônibus entre a sua cidade natal e a capital do Estado. Em pouco tempo concretizou sua idéia.
No ínicio da década de trinta, Garanhuns estava ligada à metrópole pernambucana por uma linha diária de transporte coletivo.
As viagens tinham duração de 08 à 10 horas. No inverno, esse tempo se prolongava. Os ônibus eram vulgarmete chamados de "sopas".

A Sopa
Os ônibus de João Tude foram requisitados para transportar as tropas revolucionáras na revolução de "30". Passada a revolução, a empresa João Tude Melo já procurava estabelecer horários certos de saída e chegada, seguros contra acidente,cadeiras numeradas e lotação definida.

Nos finais de 30, na sua oficina em Garanhuns , a empresa de João Tude passou a construir suas próprias carrocerias. Em 1940, projetou o primeiro ônibus com motor interno do país - o primeiro com frente reta da América do Sul. Naquele mesmo ano, foram criadas as linhas Recife- Rio de Janeiro e Recife- São paulo. Em 1952 a empresa transferiu-se para o Recife e passou a chamar-se Auto Viação Progresso Ltda.

João Tude de Melo nasceu em 27 de dezembro de 1896 na Fazenda Mata do Diogo, Garanhuns - Pernambuco e faleceu em Recife, em janeiro de 1981.  A empresa Jotude surgiu na década de 80 de um desmembramento dos sócios da Auto Viação Progresso.

BIBLIOGRAFIA
REGO, Alberto da Silva- Os Aldeões de Garanhuns- Coleção Tempo Municipal , Recife, 1987.


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PROGRESSO: +55 (81) 34520680

JOTUDE: +55 (81) 3452-1741